domingo, 4 de janeiro de 2009

[A]O ANJO DAS PERNAS TORTAS


(Vinícius de Moraes)




A um passe de Didi, Garrincha avança

Colado o couro aos pés, o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.




Vem-lhe o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento

Dribla mais um, mais dois; a bola trança

Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!




Num só transporte a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita

Seu uníssono canto de esperança.




Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!

É pura imagem: um G que chuta um O

Dentro da meta, um l. É pura dança!

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